3 piores pragas para o cão: carraças, lagarta do pinheiro, leishmaniose
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Com o bom tempo chegam também os passeios mais demorados e as aventuras por parques e campos, aproveitando a natureza e o espaço para correr. Mas em cada rosa há um espinho e estes passeios podem são ser só maravilhas.
Entre apanhar uma bola ou farejar uma pista interessante, pode haver perigos à espreita e, se há já riscos calculados, que sabemos que podem fazer parte da aventura, há outros que podem mesmo estragar os planos.
Quando chegam os dias quentes podem surgir também os espirros e reações alérgicas, as picadas de abelhas ou até irritações por contacto com algumas plantas. Mas, de entre todos os perigos que podem espreitar num passeio pelo campo, estas são as 3 piores pragas para o cão: carraças, lagartas do pinheiro e leishmaniose.
Para todas e cada uma delas importa perceber o que são, como podem prejudicar o seu cão e o que deve fazer para prevenir ou, se for já tarde demais, remediar.
1- A Carraça
Um mal à flor da pele, com repercussões mais profundas. A carraça existe no meio natural, nos campos e jardins e, apesar de estarem presentes e serem um risco ao longo de todo o ano, é na Primavera e Verão que se registam mais casos.
Com o aumento da frequência e dos tempos de passeios, aumentam também os riscos de um encontro imediato.
O que é a carraça?
As carraças são pequenos animais artrópodes que se alimentam do sangue de outros animais. Podem parasitar répteis, aves e, claro, também mamíferos como os cães.
As carraças que mais frequentemente têm um impacto negativo nas vidas dos cães (e na nossa) são as de corpo duro, do grupo dos ixodídeos, sendo que em Portugal são conhecidas perto de 20 espécies.
Qualquer uma delas pode ser responsável por transmitir ao animal agentes infecciosos que resultam depois na conhecida “febre da carraça” e em paralisia.
Quando a carraça se agarra à pele para se alimentar, traz com ela bactérias e parasitas que entram no sistema sanguíneo. Quando não removidas e feito o tratamento adequado, a febre da carraça pode levar à morte do cão. É por isso a primeira das piores pragas para o cão da nossa lista.
Como tratar a febre ou a paralisia da carraça?
No caso do cão ter febre há fortes hipóteses de ser devido à presença de uma carraça e a visita ao veterinário é essencial. A remoção da carraça deve ser feita o quanto antes e se for por um profissional, melhor para procurar garantir que se inflige menor dor possível ao cão.
Para evitar que a carraça se agarre ao cão, a melhor defesa é conseguida com comprimidos específicos com tratamento acaricida, mas também com recurso a desparasitastes externos como as gotas em pipetas ou coleiras repelentes.
Quando é preciso remover a carraça o mais rápido possível e não tem acesso a um veterinário, pode entrar em ação.
Como remover uma carraça do cão?
- Identificar o local onde está alojada (e confirmar se é apenas uma);
- Colocar luvas;
- Utilizando uma pinça ou com outra ferramenta indicada;
- Segure o corpo da carraça o mais junto à pele possível;
- Rode, sempre para o mesmo lado, até soltar;
- Aplique um anti-séptico para eliminar germes patogénicos.
2 - A Lagarta do Pinheiro
Tal como no caso das carraças, o contacto com a lagarta do pinheiro pode ser também fatal para o cão. Também conhecida por “processionária”, por parecer que se deslocam em procissão umas atrás das outras, estas lagartas são comuns em Portugal onde há forte presença de pinheiros mansos e bravos, e também de cedros, árvores em que se alojam as lagartas.
O que é a lagarta do pinheiro?
A Lagarta do Pinheiro é um inseto cuja vida se pode dividir em ciclos e que faz uma migração pelo tronco da árvore, desde o ovo que é colocado nas agulhas do pinheiro, até à lagarta que desce o tronco em direção ao solo onde se enterra para entrar na fase de pupa, antes de se transformar em borboleta.
É na fase em que descem em direção ao solo, e que têm pêlos urticantes, que se tornam num perigo para cães (e crianças curiosas). Apesar da procissão ocorrer normalmente entre os meses de Dezembro e Janeiro, as lagartas estão no solo até Maio e entre Agosto e Setembro formam os ninhos na copa das árvores.
Basta o contacto com estes pequenos “pêlos” da lagarta para poder haver fortes reações adversas. Normalmente “o contacto” no caso dos cães é feito com a língua e, por isso, é nessa zona que vai poder detetar com maior facilidade em caso de contacto. Mas há outros indicadores.
Como identificar os sinais de contacto com lagarta do pinheiro?
- Alteração na coloração da língua, ou na mucosa oral
- Tonalidade azulada, área mais inchada
- infeção dos lábios, lingua e garganta
- Alteração na zona ocular (em caso de contacto com os olhos)
- focinho inchado
- vómitos
- perda de apetite e dificuldade em engolir ou mastigar
- excesso de salivação
- apatia
- zonas de pele ou tecidos mortos com indicadores de necrose como cor amarelada ou preta
- choque anafilático e tremores nos casos mais graves ou avançados
Como tratar o cão após contacto com a lagarta do pinheiro?
Se suspeitar que o seu cão teve contacto com os pêlos da lagarta deverá lavar imediatamente a área afetada com água abundante. De seguida, o tratamento após contacto com a lagarta do pinheiro tem de ser realizado sob orientação do médico veterinário.
O tipo de tratamento necessário vai depender da fase de progresso da infeção e, por isso, o quanto mais cedo for detetada e tratada, melhor. Depois, vai ser sobretudo uma questão de responder aos sintomas, procurando dar medicação que reduza a dor e a inflamação, já que não existe um antídoto para a infeção e é por isso que a consideramos uma das piores pragas para o cão.
No caso de contacto com humanos, siga as recomendações do INEM.
3 - A leishmaniose
Esta é uma doença que é uma zoonose, ou seja, que se transmite entre espécies diferentes, sendo transmissível, por exemplo, entre cães, gatos e humanos. A leishmaniose canina é uma doença que, à semelhança das duas pragas anteriores, pode resultar em morte. Para o evitar, a prevenção é a melhor arma já que não existe cura, mas existe já uma vacina. As estimativas apontam que, em Portugal, haja mais de 100 mil casos de infeção, embora nem todos tenham sintomas que o permitam despistar.
O que é a leishmaniose?
A leishmaniose é uma doença provocada por um parasita e ocorre com maior frequência entre os meses de Abril a Outubro, quando os dias são mais quentes. O contágio ocorre através de um insecto flebótomo, pequeno e de tom amarelado, que transmite na sua picada os parasitas responsáveis pela infeção. Estes insectos estão presentes em matas, campos ou jardins, apesar de também existem nas cidades ou em abrigos para animais, e são, normalmente, mais ativos ao final do dia.
Como identificar a leishmaniose no cão?
Após a picada pode haver incubação da doença em prazos muito variáveis, que vão desde um mês até mais do que um ano. Entre os sinais, deverá estar atento a:
- Perda de pêlo
- Perda de peso
- Sangramento nasal
- Pele a escamar e úlceras
- Gânglios linfáticos inflamados
- Crescimento exagerado das unhas
- Atrofia dos músculos e alterações nas articulações
- Anemia
A confirmação de uma infeção com esta doença é feita através de análises ao sangue realizada em laboratório já que pode haver outras infeções associadas que precisam de ser também identificadas e tratadas, avaliando todo o quadro clínico do cão.
Qual é o tratamento da leishmaniose?
É possível prevenir a leishmaniose através de vacinação, e também afastando o insecto que causa a infeção com uso de coleiras inseticidas ou pipeta/ pulverização de repelente. O tratamento passa por seguir as indicações do veterinário, já que sendo uma doença crónica, implica tratamento continuado e análises regulares para o seu acompanhamento.
As 3 piores pragas de campo para o cão
Estas são 3 terríveis pragas do campo, às quais é preciso estar atento para proteger o nosso cão. Conseguir evitá-las pode passar também por um comportamento treinado em que o cão responde prontamente às ordens, que podem afastá-lo do perigo. Aproveite para saber mais sobre o treino canino e as aulas Cão Nosso que têm lugar ao longo de todo o ano.