Pastor Australiano
Ficha Técnica
História
Um cão do mundo
Ao contrário do que o nome da raça indica, a sua origem é estado-unidense. Também conhecido por “Aussie”, o Pastor Australiano foi desenvolvido como cão pastor nos Estados Unidos da América, durante o século XIX.
Contudo, os ancestrais desta raça são bascos, tendo sido desenvolvidos, há muito tempo, na região dos Pirenéus como cães pastor. Podemos, então, considerar que o Pastor dos Pirenéus é o ascendente do Pastor Australiano.
No século XIX, muitos pastores bascos emigraram para a Austrália acompanhados pelos seus cães. Esta ilha virgem e gigante era uma terra ideal para o pastoreio de ovelhas e os pastores bascos puderam tirar o melhor partido dos seus companheiros de quatro patas. Para tornar os seus cães cada vez melhores a nível funcional, estes pastores cruzaram-nos com cães que os britânicos traziam... para a Austrália, designadamente o Border Collie, com quem o Pastor Australiano tem evidentes semelhanças físicas.
Depois de décadas em solo australiano, os corajosos e aventureiros pastores bascos rumaram da Oceânia para outro continente – a América. Desembarcaram na Califórnia em busca de pastagens mais verdes para alimentar os seus rebanhos. Os proprietários rurais locais (donos dos ranchos) ficaram espantados com as capacidades dos cães pastor trazidos pelos bascos, aos quais chamaram, por ignorância relativa à sua verdadeira origem, Australian Shepherd (Pastor Australiano).
Embora a raça tenha sofrido um importante desenvolvimento e apuramento nos EUA, razão pela qual é considerada estado-unidense, ficou baptizada oficialmente como Pastor Australiano. Outros nomes foram dados mas nunca chegaram a vingar, com excepção de “Aussie”, nome pelo qual os amantes da raça muitas vezes se lhe referem de forma carinhosa.
O Pastor Australiano acabou por assumir um papel de destaque na cultura western que marcou profundamente os EUA e que se espalhou além-fronteiras, através, principalmente, do cinema. Foi assim que, após a Segunda Guerra Mundial, o Pastor Australiano chegou aos ecrãs do mundo inteiro, ganhando uma dimensão icónica.
Naturalmente, o Pastor Australiano foi pela primeira vez reconhecido enquanto raça nos EUA, embora este tenha sido um processo complicado. O American Kennel Club (AKC) acabou por reconhecer esta raça tardiamente porque os respectivos criadores consideravam que este clube privilegiava mais a componente estética do que a componente funcional, levando a principal organização de criadores da raça, a Australian Shepherd Club of America (ASCA), a recusar-se a integrar o AKC.
Todavia, alguns criadores discordaram da decisão tomada pela ASCA, tendo criado uma outra associação chamada United States Australian Shepherd Association (USASA), que se juntou ao AKC, em 1993.
A versatalidade, resistência e capacidade de aprendizagem, aliadas ao apurado instinto de pastoreio, fazem do Pastor Australiano um elemento central de muitos ranchos nos EUA. Mas é precisamente a sua versatilidade que lhe permite assumir outras funções, participando nos famosos rodeos, actuando como cão de terapia, integrando forças policias como cão de detecção de drogas, integrando equipas de resgate como cão de busca e salvamento, trabalhando como cão-guia, etc. Demonstra, ainda, um desempenho assinalável no agility (modalidade desportiva canina).
A sua bela aparência e bom temperamento fazem com que seja cada vez mais popular em todo o mundo.
Temperamento
Sempre preparado
O Pastor Australiano é um cão de trabalho. Isto significa que precisa de muito estímulo físico e psicológico, pelo que se tiver um dono sedentário será um cão muito infeliz e stressado, dedicando-se, para fugir ao tédio, a destruir o que está à sua volta ou a pastorear o resto da família. Aliás, esta raça tem um impulso muito forte para pastorear tudo, desde pessoas até outros cães.
Por outro lado, um Pastor Australiano integrado numa família activa e que lhe dedique atenção, será um companheiro espectacular. A sua energia abundante exige que pratique exercício diariamente, sendo também importante que lhe sejam ensinados diferentes comandos para que desenvolva o seu enorme potencial cognitivo.
A grande inteligência e capacidade de aprender do Pastor Australiano fazem com que se saia muito bem em diversas... modalidades, como, por exemplo, no agility ou no obedience. Naturalmente, em qualquer actividade de pastoreio, o Aussie desempenhará magistralmente a sua função. As suas capacidades cognitivas e de adaptação fazem com que seja capaz de pastorear animais improváveis, como patos, gansos ou coelhos.
Apesar de, se inserido numa família que lhe proporcione muita actividade, o Pastor Australiano se poder adaptar ao ambiente urbano, nada melhor que o ambiente rural para se sentir pleno.
O Aussie, como é carinhosamente tratado pelos seus fãs, procura estar sempre junto da sua família, mostrando-se muito afectuoso e brincalhão. Esta ligação com a família faz com que não lide bem com períodos prolongados sem companhia e que não se adeqúe a dormir no exterior de casa. Não é por acaso que por vezes é chamado, com algum humor, de “cola”, uma vez que tem tendência para formar vínculos muito fortes e, até, relações de grande dependência com os seus donos.
Finalmente, interessa referir que esta raça, como qualquer raça de cão pastor, é naturalmente desconfiada e reservada com estranhos. Para que aprenda a relacionar-se bem com pessoas e cães que não conhece, é fundamental apostar numa socialização activa desde tenra idade.
Saúde
A displasia coxofemoral é um dos principais problemas de saúde que podem afectar o Pastor Australiano. Esta é causada por uma má formação da articulação do quadril, levando a que os ossos não deslizem suavemente entre si e tenham algum atrito, o que provoca uma dor muito forte. No longo prazo, a displasia pode levar à paraplegia.
Um problema parecido com a displasia que também pode acontecer é a osteocondrose, que ocorre normalmente no ombro dos cães mas que, também, pode ocorrer noutras articulações, designadamente no cotovelo, no punho e no joelho. Tanto a displasia coxofemoral como a osteocondrose têm o mesmo tipo de causas, de entre as quais se destaca a genética e a obesidade.
Outros problemas de saúde que podem surgir relacionam-se com os olhos, que são precisamente um dos aspectos que mais chamam a atenção desta raça, pelo facto de se encontrarem muitos exemplares com heterocromia (um olho de cada cor). São, essencialmente, dois os problemas: Anomalia do Olho de Collie (CEA); e Cataratas.
Relativamente ao primeiro, que foi herdado do Border Collie, afecta o desenvolvimento da coróide (tecido localizado abaixo dos olhos), dificultando a oxigenação da retina e, por consequência, podendo levar, nos casos mais graves, à cegueira. Sendo uma doença genética e que apenas é identificada quando o cão já apresenta dificuldades de visão, não existe forma de ser tratada, pelo que é fundamental que os cães portadores do gene que causa esta patologia não se reproduzam.
Relativamente ao segundo, caracteriza-se pela morte das células que se localizam na região do cristalino (lente do olho), as quais têm a função de converter a luz captada numa imagem. A morte destas células leva a um aumento da dificuldade em captar a luz, o que, se não for travado, levará à cegueira. Quanto mais cedo a doença for diagnosticada, maior a probabilidade de se conseguir curar.
Finalmente, interessa, ainda, referir que a bela pelagem do Pastor Australiano deve ser escovada semanalmente para se retirar o pêlo morto e para se manter a saúde da pele.
Aparência Física do Pastor Australiano
- Orelhas triangulares e de inserção alta
- Nariz predominantemente castanho
- Rufo espesso de pêlo no antepeito e no pescoço
- Patas poderosas e largas
- Membros traseiros bem franjados
- Cauda direita, podendo ser naturalmente longa ou curta
Características
Climas Quentes
Cuidados com a Pelagem
Relacionamento com outros cães
Treino
Climas Frios
Exercício Físico
Relacionamento com crianças
Curiosidades
Após a Segunda Guerra Mundial, a popularidade do Pastor Australiano cresceu de forma muito significativa, graças à cultura western que levou esta raça aos ecrãs de todo o mundo. Era comum estes cães acompanharem os cowboys e, ainda hoje, participam em rodeos e em outros espectáculos onde os cavalos são protagonistas.