Bulldog Francês
Ficha Técnica
História do bulldog francês
O parisiense com sangue inglês
A origem do Bulldog Francês é alvo de acesa discussão entre franceses e ingleses. Os franceses defendem que esta raça foi desenvolvida nos bairros populares parisienses a partir de diversos cruzamentos de raças pouco conhecidas, algumas das quais provenientes da Bélgica.
Os ingleses alegam que esta raça descende de Bulldogs Ingleses com um tamanho abaixo do habitual, o que constituía uma característica que, naquela altura, era pouco apreciada em terras de sua Majestade. Em meados do século XIX, muitos destes cães foram levados para França, levando a que o seu apuramento passasse a estar nas mãos dos gauleses.
Numa análise imparcial, a segunda hipótese parece a mais provável, reunindo provas bastante mais contundentes.
Esta raça era usada nos combates contra touros e era muito apreciada pelos carniceiros e pelos cocheiros de Paris.... Depois, começou também a ser normal vê-la nas lojas de pequenos artesãos, começando, assim, a ser vista como um excelente animal de companhia, dada a sua natureza gentil com pessoas e à sua boa capacidade de adaptação a espaços pequenos. Não tardou muito para que a alta burguesia e a aristocracia francesa começassem, também, a apreciar as características do Bulldog Francês, levando à sua representação em pinturas e em esculturas da época.
No ano de 1850, quando o rei de Inglaterra, Eduardo VII, adquiriu um exemplar, a raça passou a ser apreciada por toda a burguesia e a aristocracia europeia, tornando-se chic passear pelas principais capitais do velho continente, designadamente por Paris e Londres, com um Bulldog Francês, normalmente adornado com uma bonita coleira de vison.
Já no final do século XIX, os primeiros exemplares de Bulldogs Franceses atravessaram o Atlântico, desembarcando nos EUA, onde, rapidamente, se tornaram populares cães de família. O seu temperamento afável e brincalhão com as pessoas, e, especialmente, com as crianças, foi rapidamente reconhecido pelos norte-americanos. Também não tardou muito até que se tornasse normal ver várias celebridades acompanhadas por um, ou mais, exemplares desta raça.
A somar a tudo isto, começou a ser normal a participação de Bulldogs Franceses em filmes e em programas de televisão. De facto, a chegada e a integração do Frenchie (a mais famosa alcunha do Bulldog Francês) nas terras do Tio Sam não podia ter corrido melhor. A verdade é que, pouco tempo depois da sua chegada, até aos dias de hoje, esta raça tem estado entre as mais populares nos EUA.
Temperamento do bulldog francês
Um entertainer para a família
Bem-dispostos, cómicos e afectuosos, os Bulldogs Franceses são capazes de entreter uma família inteira e de provocar gargalhadas tanto aos mais novos, como aos mais velhos. São particularmente ligados à família e desenvolvem uma relação muito boa com as crianças. Porém, necessitam de muita atenção, caso contrário poderão tornar-se destrutivos.
Apesar de ser uma raça que gosta muito de brincar, principalmente com os membros da sua família, não tem um elevado grau de energia. Se tiver a dose certa de exercício físico diário, passará, com todo o prazer, muito tempo a relaxar no sofá ou na sua cama. O seu tamanho e temperamento fazem com que se adeqúe bastante bem a viver num apartamento. Por outro lado, não é, de todo, a raça ideal para passar longos períodos no exterior de... casa.
Embora sejam bastante teimosos, o que torna o treino mais exigente e, nalgumas ocasiões, frustrante, os Bulldogs Franceses poderão, com paciência e persistência, tornarem-se cães que respeitam as regras de casa. O treino deve ser consistente, firme e baseado numa metodologia que assente no reforço positivo.
Finalmente, e ao contrário do que acontece relativamente à sua família, são, normalmente, desconfiados com estranhos. Não é de admirar que vejamos, quando estão na presença de algum membro da família, um comportamento relativamente territorial e, até, possessivo. Isto faz com que possam assumir, embora não sejam os cães ideias para essa função, o papel de cão de guarda.
É absolutamente fundamental, principalmente para um Bulldog Francês que viva num contexto citadino, apostar numa socialização desde cachorro, uma vez que essa é a única forma de garantir um convívio saudável tanto com outras pessoas, como com outros cães. Para isso, é crucial que esta socialização seja positiva, no sentido de contactar com cães sociáveis e que lhe proporcionem boas experiências de interacção.
Saúde do bulldog francês
O Bulldog Francês, como acontece com outros Bulldogs, tem alguns problemas de saúde.
Começamos pelos problemas ortopédicos, destacando, desde logo, a displasia da anca. Esta constitui um problema hereditário, que se caracteriza pelo mau ajuste da cabeça do fémur à cavidade pélvica da articulação da anca (ou quadril). Esta condição leva a que os cães que a tenham possam sentir dor e apresentar dificuldades de locomoção.
A espinha bífida é outra condição de foro ortopédico a que é preciso prestar atenção. Tem uma natureza congénita e ocorre quando as vértebras (ossos da coluna vertebral) não se fecham totalmente sobre a medula espinhal, levando a diferentes problemas nos nervos das pernas e da bexiga, bem como do controlo intestinal.
A luxação da rótula (ou da patela) também pode ocorrer e, tal como a condição anterior, tem uma natureza congénita. Este problema, bastante comum em cães pequenos, é causado quando a rótula não está devidamente inserida, podendo deslizar para fora do respectivo lugar, o que, a acontecer, causará dificuldades de locomoção. A fricção causada pela luxação da rótula pode levar ao surgimento de artrite, uma doença articular degenerativa.
Finalmente, ainda dentro dos problemas ortopédicos, a doença do disco intervertebral também pode acontecer. Esta caracteriza-se pelo rompimento de um dos discos da coluna vertebral, levando-o a penetrar na medula espinhal. Quando isto acontece, as transmissões nervosas são afectadas, causando dor e podendo levar a uma paralisia temporal ou permanente.
Existe uma doença hemorrágica que pode afectar alguns exemplares de Bulldog Francês. Esta doença do sangue prejudica o processo de coagulação, devido à subprodução de uma proteína chamada von Willebrand, razão pela qual é designada, precisamente, por doença de von Willebrand. Um cão que sofra desta doença terá sintomas como sangramentos nasais, sangramentos das gengivas, entre outros tipos de sangramentos prolongados. Ocasionalmente, poderá ser encontrado sangue nas fezes.
O síndrome braquicefálico é outro problema que também pode ocorrer, havendo inúmeros exemplares desta raça que são acometidos por esta doença. Como o próprio nome indica, este problema afecta os cães com um focinho achatado e com as narinas curtas. Estas características morfológicas levam à obstrução das vias respiratórias, causando uma respiração ruidosa e podendo, até, causar uma dificuldade extrema em respirar, principalmente num ambiente com temperaturas altas. Os exemplares que apresentam este problema devem ser operados.
Deve-se ter, ainda, atenção a potenciais problemas cardíacos, os quais podem ser exponenciados pelo excesso de peso. Uma dieta equilibrada é de uma enorme importância para a sua saúde.
Finalmente, é importante não esquecer que os problemas oculares também podem surgir, sendo importante estar sempre atento à saúde oftalmológica. Da mesma forma, também é importante estar atento às rugas, devendo-se limpá-las regularmente para evitar alergias e infecções.
Para concluir, interessa referir que os partos desta raça são bastante complicados, sendo, muitas vezes, necessário recorrer à cesariana.
Aparência Física do bulldog francês
- Orelhas pequenas e erectas
- Nariz largo, curto e achatado, com narinas oblíquas
- Caixa torácica cilíndrica, em forma de barril
- Peito profundo e largo, com costelas bem arqueadas
- Membros traseiros musculados e mais longos do que os dianteiros
- Cauda curta e grossa na base
Características do bulldog francês
Curiosidades
Muito dificilmente verá algum dia um Bulldog Francês a nadar, uma vez que o seu corpo entroncado, a sua cabeça grande e as suas pernas curtas dificultam o seu movimento dentro de água. Para além disto, devido ao seu focinho achatado e às suas narinas estreitas, a respiração torna-se mais complicada, dificultando a resistência dentro de água.
Por estas razões, esta raça não está de todo preparada para nadar, pelo que, tal como acontece com as crianças mais pequenas, nunca deve estar perto de uma piscina sem acompanhamento.
