Leão da Rodésia
Ficha Técnica
História do Leão da Rodésia
“O cão que sobrevive à caça do leão”
O Leão da Rodésia é uma raça que foi, como o próprio nome indica, apurada na antiga Rodésia, mais propriamente na antiga Rodésia do Sul, que hoje corresponde ao Zimbabué. No mundo anglófono é conhecida como Rhodesian Ridgeback, que significa “rodesiano de crista nas costas”.
A colonização dos territórios do continente africano pelos europeus, iniciada no século XVI (embora no século XV os portugueses já tivessem algumas feitorias no continente), levou a que chegassem a África várias raças europeias, nomeadamente mastins, galgos e pointers. Na parte sul deste continente, vivia um povo chamado Khoikhoi, que havia desenvolvido um tipo de cão que tinha uma crista de pêlo ao longo do dorso que crescia na direcção oposta à restante pelagem. Estes cães demonstravam uma grande aptidão para a caça, possuindo uma resistência... e uma tenacidade que surpreenderam os invasores.
Naturalmente, dadas as diferenças climatéricas, os cães vindos da Europa sentiram dificuldade em adaptarem-se ao novo território. Assim, essencialmente durante o século XIX, os colonos europeus cruzaram os cães Khois (desenvolvidos pelo povo Khoikhoi), capazes de resistir às temperaturas mais quentes, com os seus próprios cães, desenvolvendo uma raça inteligente, corajosa, apta para caçar e guardar propriedades.
De facto, a sua capacidade para atrair e dominar a caça grossa sem qualquer tipo de contacto físico levaram-na a actuar na caça ao mais temido dos predadores africanos, o leão. Numa estratégia perfeita assente na dinâmica de matilha, estes cães cercavam de diversas formas o leão, mantendo-o ocupado até à chegada do caçador.
O apuramento do Leão da Rodésia como raça padronizada ocorreu quando o missionário protestante, Charles Daniel Helm, levou, em 1879, duas cadelas com crista no dorso para a sua casa na Rodésia, lugar muito apreciado e frequentado por caçadores europeus. Ainda neste ano, Helm celebrou o casamento entre Cornelius van Rooyen e Maria Margareta Vermaak. Ora, van Rooyen era um conhecido caçador que, desde logo, ficou impressionado com as cadelas de Helm, pedindo-lhe autorização para as cruzar com os seus cães de caça.
Obtendo resultados muito positivos, o caçador continuou a aprimorar os seus cães, à época chamados “cães de van Rooyen”. De acordo com as palavras do próprio, o princípio de selecção privilegiado era “o cão que sobrevive à caça do leão”. Não admira que os cães mais apreciados pelo caçador estivessem cobertos de cicatrizes.
Já nos anos vinte do século passado, Francis Richard Barnes levou e apresentou esta raça aos norte-americanos, tendo desempenhando um papel fulcral no estabelecimento do Rhodesian Ridgeback como raça reconhecida internacionalmente.
Alguns exemplares de ninhadas de Leão da Rodésia podem não ter crista, aos quais se chama Rhodesian Ridgeless.
Temperamento do Leão da Rodésia
De espírito nobre e personalidade forte
Extremamente protector, leal e afectuoso para com os seus donos, o Leão da Rodésia, sem prejuízo das excelentes capacidades de caça e de guarda, é um óptimo cão de companhia. A sua relação com crianças é boa, apesar de ser importante inspeccionar os momentos em que estão juntos, uma vez que podem irritar-se com as provocações dos mais novos.
Para que desenvolvam uma relação positiva com pessoas estranhas e com outros animais é fundamental que socializem desde muito pequenos, caso contrário poderão ser desconfiados e demonstrar agressividade.
Apesar de terem um temperamento dócil e calmo, os Leões da Rodésia têm uma personalidade bastante forte, assumindo uma postura independente, o que exige um treino consistente e firme. Ainda assim, como acontece com qualquer raça, o treino não deve basear-se na... agressividade, uma vez que este é um animal sensível e que poderá desenvolver traumas dificilmente ultrapassáveis.
Esta é uma raça com muita energia e que precisa de se exercitar diariamente, adorando qualquer actividade física, desde uma simples corrida na praia até ao mushing, desporto que consiste numa corrida de trenós, triciclos, ou outros veículos de tracção.
Saúde do Leão da Rodésia
A displasia da anca, as cataratas e os problemas na tiróide são algumas das doenças que podem afectar esta raça. No entanto, aquela que poderá ser mais grave é a dermoide sinus, uma doença hereditária que se traduz numa malformação do tubo neural durante o período de gestação, incidindo normalmente na zona das coroas (ligadas à crista). Através do tacto, é possível detectar esta malformação logo após o nascimento, sendo possível removê-la com uma cirurgia. Dada a sua componente hereditária, os criadores devem esterilizar os cães que apresentem este problema.
O Leão da Rodésia precisa de fazer bastante exercício para atingir o equilíbrio físico e psíquico desejado.
Esta raça tem uma capacidade muito acima da média para se adaptar a diferentes climas, podendo viver no interior ou no exterior de casa.
Aparência Física do Leão da Rodésia
- Cabeça longa, plana e larga entre as orelhas
- Orelhas de inserção alta, de tamanho médio e largas na base
- O pescoço longo e poderoso insere-se nas espáduas musculadas e elegantes
- Peito profundo, amplo e bem musculado
- Dedos bem arqueados e almofadas duras, redondas e elásticas
- Membros com boa ossatura e musculados
Características do Leão da Rodésia
Curiosidades
Uma das primeiras documentações sobre os antepassados do Leão da Rodésia aparece no livro “Missionary Travels and Researches in South Africa”, publicado em 1857, que se tornou rapidamente num best seller. David Livingstone, o seu autor, foi um missionário e explorador britânico que ficou célebre por ter sido o primeiro homem branco a visitar determinadas regiões do continente africano, tendo contactado com os cães do povo Khoikhoi.
A origem do nome desta raça deriva da palavra alemã schnauze, que significa focinho. Este nome faz alusão ao formato longo e sólido do focinho do Schnauzer.
A criação do Schnauzer Padrão, a mais antiga das três variedades – as quais correspondem a três raças autónomas –, ocorreu no sul da Alemanha durante o século XV, onde era utilizado para a condução de gado. Mas dadas as suas capacidades, o leque de funções que desempenhou na vida rural aumentou, trabalhando como caçador de ratos, cão de guarda e, principalmente, como ajudante dos viajantes, acompanhando as carruagens e os cavalos, com quem tinha uma grande ligação. Correndo ao lado e, não raras vezes, à frente destes, o Schnauzer inspeccionava o caminho e, em caso de perigo, ladrava energicamente para os avisar a... tempo de pararem.
A ascendência do Schnauzer Padrão é difícil de decifrar. Há quem diga que descende do Cão Pastor da Idade Média e de um terrier. Para outros, o Schnauzer é o resultado do cruzamento entre o Schafpudel e o Pinscher Alemão. Existem também aqueles que defendem que os antepassados desta raça eram cães spitz e de guarda. Entre estas e outras teses, o mais certo é permanecermos na dúvida relativamente a esta questão.
Até um determinado momento, o Schnauzer foi conhecido como Pinscher de Pêlo Duro ou, simplesmente, Schnauzer-Pinscher. A sua beleza estética levou-o a ser frequentemente representado na pintura, nomeadamente pelas mãos de Albrecht Dürer e de Rembrandt.
Já no século XVIII, os pastores da Baviera sentiram a necessidade de ter um cão mais possante para conduzir o gado. Foi então que, cruzando o Schnauzer Padrão com outras raças, provavelmente com o Dogue Alemão e o Bouvier (Boiadeiro) da Flandres, se criou o Schnauzer Gigante. Apesar de se ter revelado um exímio condutor de gado e um excelente cão de guarda, o número de exemplares de Schnauzers Gigantes viria a diminuir consideravelmente, devido às suas necessidades em termos de alimentação, dificilmente satisfeitas nos períodos de maior carência.
Felizmente, esta raça viria novamente a ganhar protagonismo, trabalhando como cão polícia no seu país e como militar e auxiliar da Cruz Vermelha durante a I Guerra Mundial. Nesta altura, era conhecida como Russian Bear Schnauzer.
Embora a II Guerra Mundial tenha afectado profundamente o Schnauzer Gigante, a sua popularidade tem vindo a ser reconquistada, sendo muito apreciado como animal de companhia.
A última variedade a aparecer foi o Schnauzer Miniatura. Talhado para caçar ratos, este Schnauzer foi criado no final do século XIX, na região de Frankfurt, através do cruzamento do Schnauzer Padrão com o Affenpinscher e com o Pinscher Miniatura. Há quem diga que o Caniche também participou nesta criação, embora não existam provas concretas nesse sentido.