Antes de adoptar um cachorro: 10 coisas que precisa de saber

Antes de adoptar um cachorro é importante saber o que esperar, compreender o cão e preparar a casa. Esta é a lista de 10 coisas fundamentais.
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A decisão de adoptar um cachorro deve ser tomada após uma séria ponderação. Grande parte dos abandonos de cães deve-se a decisões tomadas de forma irresponsável, o que lhes acarreta um enorme prejuízo emocional.

Quem leva um cachorro para casa tem de ter a noção de que está a assumir um compromisso para cerca de 14 anos.

Para quem está a pensar adoptar um cachorro, existem 10 coisas fundamentais que deve saber:

1. Deve ter noções básicas de psicologia, comportamento e treino canino

Para qualquer pessoa que tenha, ou que queira ter, um cão, deveria haver a obrigação de saber o mínimo indispensável sobre a forma como este animal pensa, se comporta e como se o deve educar e treinar. Infelizmente, inúmeros donos cometem erros crassos na educação que dão aos seus cães, o que se traduz em cães ansiosos, stressados, medrosos, reactivos e, por vezes, agressivos. 

Actualmente, existem vários livros e sites na internet com conteúdo valioso sobre comportamento e treino canino. Por isso, não existe nenhuma razão para que um dono não tenha a informação suficiente sobre a melhor maneira de educar o seu cão. De entre várias recomendações que poderíamos dar, sugerimos dois livros do prestigiado veterinário e treinador, Dr. Ian Dunbar, intitulados “Antes de ter o seu cachorro” e “Agora que já tem o seu cachorro”.

Destacamos a importância da socialização, uma vez que o cão é um animal social por excelência. Precisa necessariamente de conviver com outros cães e de estar inserido numa família. Naturalmente, existem cães mais dependentes e outros mais independentes, uns que necessitam de mais atenção, outros menos. Mas nenhum cão será verdadeiramente feliz se for privado da companhia regular dos seus donos e de outros cães. 

É fundamental socializar um cão desde cachorro. Se for habituado a interagir de forma positiva com outros cães desde cedo, irá desenvolver as suas naturais aptidões sociais e, por consequência, será mais feliz, equilibrado e emocionalmente saudável. Pode ficar a saber mais sobre este tema tão importante na vida do seu cão aqui. 

A aprendizagem que os cães ganham ao brincarem uns com os outros é insubstituível. Portanto, todos os donos têm a obrigação de proporcionar com regularidade momentos de socialização aos seus patudos. 

2. Os primeiros meses serão especialmente intensos

Tal como acontece com os seres humanos, os cães têm diferentes etapas de crescimento, cada uma das quais comportando diferentes desafios. É absolutamente fundamental que todos aqueles que pretendam adoptar um cachorro tenham planeado, nos primeiros meses, dedicar uma grande parte do seu tempo ao treino do novo membro da família. É evidente que um cão exige dedicação durante toda a sua vida, mas nos primeiros meses essa dedicação deve ser especialmente intensa.

Nos primeiros 3 a 4 meses, os cães atravessam um período imprescindível nas suas vidas a que chamamos imprinting. Todas as experiências e aprendizagens, sejam elas boas ou más, terão uma repercussão muito significativa naquela que será a personalidade do cão. Por esta razão, os donos devem dedicar-se a expor os seus cães ao máximo de estímulos possível, seja o contacto com outros cães, pessoas desconhecidas ou com os barulhos da rua, desde que esta exposição ocorra de forma positiva e represente uma boa experiência para o cão.

Mais tarde, vem o desenvolvimento hormonal que altera o comportamento das fêmeas e dos machos. As cadelas costumam ter o primeiro cio por volta dos 6 meses, mostrando, como é natural, comportamentos que até então nunca tinham tido. Os machos, por volta dos 9 meses, começam a ter uma produção de testosterona bastante significativa, o que tem um impacto directo no seu comportamento, podendo, eventualmente, resultar numa interacção mais difícil com outros machos. 

A maturidade emocional chega, em termos gerais, aos 2 anos, fase em que o cão poderá acalmar um pouco. Anos mais tarde, por volta dos 8 anos de idade, os cães entram naquilo a que poderemos chamar de terceira idade. Nesta fase, costumam apreciar mais o sossego do que a agitação.  

Ter bem presente estas etapas de desenvolvimento dos cães, principalmente nos seus primeiros meses, tornará os futuros donos preparados para o desafio que enfrentarão.

3. Terá de assegurar os cuidados de saúde

Quando trazemos um cachorro para casa, devemos já ter escolhido o veterinário que o irá seguir. Para este efeito, devemos levar em consideração a questão da proximidade geográfica, mas, também, as referências e as críticas que consigamos reunir. Mais vale escolher um veterinário que trabalhe um pouco mais longe do que, por comodidade, escolher o veterinário mais próximo mas cujas competências clínicas desconhecemos.

Um veterinário será um parceiro muito importante para proporcionarmos uma vida feliz e saudável ao nosso cão. Independentemente das consultas que resultam de algum problema concreto, um cão precisa de ser visto com regularidade por um veterinário, seja para fazer um check-up, para administrar a vacinação necessária ou para realizar a desparasitação.

Um cachorro precisa, desde logo, de tomar a vacina polivalente, que protege contra várias doenças. Esta vacina é dada em três doses, a primeira às seis semanas de idade, a segunda às oito semanas e a terceira às doze. Depois, terá que, entre as 16 e as 20 semanas, ser vacinado contra a raiva. Outras vacinas podem ser dadas, consoante o protocolo do veterinário e a zona geográfica onde um determinado cão se insere, uma vez que certas doenças surgem em regiões específicas. Se tiver interesse em saber mais sobre as vacinas do seu cão, aconselhamos a leitura deste artigo

O veterinário poderá também ajudar ao nível da alimentação, embora seja importante certificar-se de que este não é patrocinado por nenhuma marca de ração, uma vez que, caso isso aconteça, o seu aconselhamento poderá ser influenciado por interesses comerciais.

Tal como acontece com os seres humanos, a qualidade da alimentação está directamente ligada com a saúde e com o bem-estar. Proporcionar a melhor alimentação possível ao seu cão é um dever de todos os donos.

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4. Ter a noção do tempo e dinheiro que um cão exige

Um cão exige atenção e dedicação diária. Nunca pode ser encarado como um brinquedo de que podemos dispor quando queremos e ignorar quando nos fartamos. Estamos a falar de um animal muito sensível e com uma ligação ancestral ao Homem, pelo que a única forma de o encarar é como parte integrante da família, respeitando sempre a sua natureza própria e nunca caindo no erro de o antropomorfizar.

Portanto, quem sente que não tem tempo para dedicar diariamente a satisfazer as necessidades de um cão, ou que não tem a certeza de que poderá satisfazer essas necessidades durante cerca de 14 anos, mais vale não ter um cão. 

Ao nível financeiro, é muito importante fazer contas. Segundo um inquérito realizado em 2016 pela Deco Proteste, contabilizando custos com alimentação, cuidados veterinários, cuidados de higiene e acessórios (trelas, coleiras, roupas, cama, brinquedos, etc), manter um cão custa cerca de 1000€ por ano. É claro que os custos variam de acordo com o tamanho e os problemas de saúde de cada cão, mas este custo anual serve para dar uma boa perspectiva. 

5. Existem diferentes obrigações legais

Importa estar ciente das obrigações legais de ter um cão. Elencamos 7 obrigações fundamentais:

  1. Cuidar e assegurar o bem-estar (Código Civil, art. 1305.º-A): inclui o acesso a água e alimentação, bem como a cuidados veterinários quando necessários.
  1. Registo no Sistema de Informação de Animais de Companhia (SIAC) (identificação por método electrónico) (Decreto-Lei n.º 82/2019, de 27 de Junho);
  1. Registo e licenciamento junto da Junta de Freguesia, devendo o licenciamento ser renovado anualmente (Decreto-Lei n.º 82/2019, de 27 de Junho);
  1. Ao circular nas vias ou lugares públicos, utilizar sempre coleira ou peitoral, na qual deve estar colocada, por qualquer forma, o nome e morada ou telefone do dono (Decreto-Lei n.º 314/2003, de 17 de Dezembro);
  1. Nas vias ou lugares públicos, os cães devem ser sempre conduzidos à trela ou, em alternativa, usar um açaimo (Decreto-Lei n.º 314/2003, de 17 de Dezembro);
  1. Deve sempre recolher os dejectos do seu cão (regulamentação municipal);
  1. Existem ainda diversos deveres especiais relativos a cães perigosos ou potencialmente perigosos, como o de, ao circular nas vias ou lugares públicos, utilizar sempre açaimo. 
6. É imprescindível alcançar um consenso familiar sólido

É imprescindível que toda a família esteja alinhada relativamente ao compromisso de ter um cão. Caso haja algum membro que esteja manifestamente contra este compromisso, existe uma enorme probabilidade de surgirem desavenças familiares e de, no final, o cão “pagar a fava”. Deve-se evitar este cenário e, por isso, deve existir um consenso familiar sólido sobre a decisão de trazer um patudo para a família. As responsabilidades devem ser partilhadas, sem prejuízo de, naturalmente, algum dos membros da família se assumir como o principal responsável pelos cuidados do cão.

7. Passará a ter de planear de forma mais exigente a sua rotina e as férias

Ter um cão é uma grande responsabilidade e pode ser considerado, numa perspectiva mais egoísta, uma prisão, pois temos a obrigação de garantir o seu bem-estar todos os dias, sem excepção. 

O estabelecimento de uma rotina é fundamental para que o cão tenha um comportamento equilibrado e seja feliz. Isto significa ter horários para as refeições (normalmente, três por dia quando são cachorros e duas quando são adultos), para os passeios (três passeios por dia é o recomendado, embora dependa das necessidades de cada cão) e para os momentos de descanso. Uma rotina bem implementada é o melhor garante de que um cão não desenvolverá problemas comportamentais. Aqui encontra as 5 rotinas mais importantes para o cão.

É também essencial que, antes de adoptar um cão, os donos tenham encontrado soluções para os momentos em que estão de férias ou ausentes, seja por que motivo for. Ter algum amigo, ou familiar, que goste ou perceba de cães e que tenha disponibilidade é sempre uma boa solução. No entanto, pode ser indispensável contar com serviços profissionalizados, seja através de um dog sitter, seja através de um hotel. Felizmente, existem cada vez mais opções, pelo que os futuros donos devem analisar e informar-se previamente sobre quais as melhores. 

8. É essencial que escolha um cão adequado

Antes de adoptar um cachorro (ou um cão adulto), é fundamental passar muito tempo com ele para que possa conhecê-lo da melhor forma possível e, assim, ver se tem um perfil adequado para a realidade que vai encontrar na sua futura casa. Caso esteja entregue aos cuidados de uma associação, esta deve estar aberta (caso não esteja, é de desconfiar) para acordar um período experimental de 2 a 4 dias. Através deste período experimental, o (potencial) dono poderá ficar a conhecer o cão em diferentes momentos e contextos, como o de casa, e, assim, tomar uma decisão o mais informada e consciente possível. 

Deverá também levar o cão a um veterinário de confiança para aferir o seu estado de saúde geral e evitar surpresas desagradáveis no curto-médio prazo. 

9. Terá que comprar o material necessário

Quando o cão chega a casa já temos de ter comprado algum material imprescindível, designadamente coleira (e/ou peitoral), chapa de identificação, trela, cama, brinquedos, resguardo, escova, sacos para os cocós, biscoitos e ração.

Existem outras coisas que podemos comprar a título opcional, de entre as quais destacamos a caixa transportadora (ou crate). Esta é de enorme utilidade para as viagens de carro mas, também, para servir como local de descanso, podendo substituir a cama. Pode ainda ser muito útil para o treino, uma vez que o confinamento pode ajudar na aprendizagem de alguns comportamentos, como o de fazer as necessidades na rua. 

10. Deverá preparar a sua casa

Ter a casa preparada para quando o cão chegar é muito importante. Primeiro é preciso definir em que áreas da casa o cão pode circular.  Segundo, uma vez que as áreas de circulação estejam bem definidas, é importante ter atenção para não haver nada que o cão possa roer ou comer e fazer-lhe mal, como fios de electricidade ou detergentes. 

Enquanto o comportamento de fazer as necessidades na rua não estiver bem interiorizado, seria útil remover os tapetes, por forma a que seja fácil de limpar a sujidade. Deverá também escolher a zona onde vai ficar o resguardo, sendo que, quanto mais perto estiver da porta de casa, melhor. 

O local onde vai estar a cama (ou a crate) também deve ficar bem definido. Deve ser um local calmo e adequado para servir como zona de descanso. A zona onde estarão as taças de água e da comida também devem estar previamente definidas. A grande maioria dos donos escolhe a cozinha para este efeito.

É normal que os cachorros possam roer algumas coisas que não devem, como mobília e sapatos. Terem brinquedos para que se possam distrair e não terem nada ao alcance que possam estragar é a melhor forma de resolver este problema. Com o tempo e com a educação adequada, os cães deixam de fazer os estragos que faziam quando eram mais novos. 

 

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