Cães, celebrações e fogos de artifício
Os fogos de artifício são o deleite de famílias e amigos reunidos numa noite de festa. Especificamente para nós em Portugal, não temos como não incluir fogos de artifício quando pensamos no que compõem eventos como a Noite de Ano Novo.
Os fogos de artifício explodem luminosas cores na manta negra do céu e o público procura pelo local de melhor visibilidade. Risos, palmas, assobios, e gritos de felicidade misturam-se com os estrondos que ecoam nas imediações.
Para nós, seres humanos, que inventámos a prática há mais de dois mil anos, o lançamento dos fogos de artifício é amplamente considerado um acontecimento memorável numa noite já de celebração. Todavia, há grupos para os quais o acontecimento não é nada menos do que desconfortante. Falamos de indivíduos dentro do espectro do autismo e, como iremos aprofundar, dos animais, em concreto, dos cães.
Como os fogos de artifício afetam os cães:
1. A audição
Os nossos fiéis companheiros, os cães, são conhecidos por terem um olfato fenomenal, o que, por sua vez, faz com que nos possamos esquecer que estes também possuem uma audição bem mais apurada do que a nossa. Os estrondos que para nós podem não ser um incómodo, para eles são demasiado intensos. Os fogos de artifício não só provocam sons e luzes que são violentos para os cães, como também produzem um odor que pode ser sensível para eles.
2. A adrenalina
O que os cães experienciam assemelha-se a quando nós somos surpreendidos por um barulho súbito. Só que, para eles, a experiência não acalma de imediato, mas dura por uns longos e temerosos minutos. Isto pode resultar num aceleramento da pulsação cardíaca e num aumento dos níveis de adrenalina, entre outras hormonas associadas ao stress que poderão ter um impacto negativo no bem-estar do seu patudo, especialmente se este for de idade mais avançada ou tiver problemas de saúde já existentes.
3. A surpresa
Os fogos de artifício são imprevisíveis, principalmente para os animais que não têm uma noção de quando ocorrerão. Para nós é a Passagem do Ano, para eles é apenas mais um dia. Mais um dia em que algo inesperado sucede, estrondoso e alarmante, que se desenrola ao longo de intervalos impossíveis de prever e aos quais os cães dificilmente se habituam.
4. O desespero e a fuga
Como os fogos de artifício os coloca numa situação de luta ou fuga, é comum que cães e outros animais domésticos, quando confrontados com o que eles entendem como uma ameaça, procurem esconder-se ou até mesmo fugir. No entanto, não lhes é possível escapar ao barulho pois este abrange toda a área circundante. Infelizmente, no seu estado desnorteado, ocorre com bastante frequência estes perderem-se e até mesmo serem atingidos por um veículo. Se tal não acontecer, e, contudo, o cão não teve apoio ou escape, o medo pode dilatar de tal modo que se torna uma fobia, algo que irá impactar a vida do cão no futuro.
Como cuidar do seu cão durante os fogos de artifício
1. Evitar a fuga
Cabe-nos minimizar o impacto que os fogos de artifício terão no nosso cão. Para começar, passeá-lo antes de anoitecer e do evento. Chegando a casa, é necessário certificar que todas as portas e saídas estão bem vedadas para prevenir que, com o pânico, o cão fuja. Alimente-o antes pois, quando os fogos de artifício começarem, este pode estar demasiado assustado para comer.
Caso esteja em período de férias e o seu cão fugir, assustado pelos fogos de artifício, num local que não conhece, estes são os passos que deve tomar.
2. Preparar um abrigo
Para que tenha onde se refugiar durante os fogos de artifício, pode construir-lhe um abrigo confortável, de preferência com um teto e paredes, e incluindo um cobertor para que se possa sentir quente e seguro. Os seus brinquedos preferidos poderão também ser uma mais valia se estiverem por perto. Na segurança do abrigo, o animal pode melhor controlar o seu estado emocional.
3. Verificar se o abrigo é de fácil acesso
Em muitos casos, os cães já têm um local, o qual procuram por conforto durante os fogos de artifício. Nessa eventualidade, confirme que ele pode aceder ao abrigo com facilidade e sem obstruções.
4. A presença do tutor é muito importante
Por fim, é possível que o cão precise de encorajamento para entrar no novo abrigo e por essa razão é essencial que o tutor esteja com ele e que fique do seu lado enquanto presença atenuante da sua ansiedade.
Cabe-nos fazer o possível para moderar o impacto dos fogos de artifício na vida dos nossos estimados animais.
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