A raça portuguesa mais antiga é também uma das raças mais antigas do mundo. O Pharaoh Hound, o mais conhecido e popular descendente do Galgo Egípcio (o cão dos faraós), é um dos principais ascendentes do Podengo Português. No século VIII a.C., os mercadores fenícios estenderam a sua influência a todo o Mediterrâneo e trouxeram o Pharaoh Hound para o sul da Europa. Mais tarde, com as invasões árabes na Península Ibérica, iniciadas no século VIII, o Pharaoh Hound, que evoluiu de forma autónoma neste território, foi cruzado com outros cães, também eles, muito provavelmente, descendentes do Pharaoh Hound original, criando-se, assim, uma raça que seria já muito semelhante ao Podengo que hoje conhecemos.
Na época da reconquista cristã, mais precisamente no ano de 1199, é feita, sob o reinado de... D. Sancho I, a primeira referência escrita conhecida aos “cães caçadores de coelhos”, ou seja aos Podengos Portugueses. Desde então, vários documentos escritos relatam o uso de Podengos nas caçadas reais, embora seja importante salientar que a sua popularidade se deve à plebe, que também recorreu às suas habilidades para a caça. Esta intervenção plebeia contribuiu para o desenvolvimento de diferentes variedades de pêlo e tamanho do Podengo: liso; cerdoso; pequeno; médio; e grande.
As variedades de pêlo foram ditadas pelo tipo de clima, sendo que a de pêlo liso é mais comum no norte de Portugal, uma vez que este tipo de pêlo seca mais rapidamente numa região com maior precipitação, e a de pêlo cerdoso é mais comum no sul do país, em virtude deste tipo de pêlo proteger melhor a pele do sol intenso que se faz sentir nesta região.
No que respeita às variedades de tamanho, estas são o resultado de uma adaptação aos tipos de terrenos e presas. Assim, o Podengo Grande está talhado para a caça grossa e para terrenos planos, tendo como principais presas os veados e os javalis. Esta é a única raça portuguesa desenvolvida com esta finalidade. O Podengo Médio actua em terrenos mais acidentados, perseguindo, matando e, até, entregando a peça, quase sempre o coelho, ao caçador. Finalmente, o Podengo Pequeno serve para entrar nas tocas e expulsar os coelhos (um pouco à imagem dos Terriers) e para caçar ratos, função muito importante na altura dos Descobrimentos porque era preciso perservar os mantimentos nas embarcações.
O Podengo Grande deu origem às variedades mais pequenas, através de um processo de miniaturização. Contudo, vários cinólogos defendem que as diferentes variedades de Podengos têm origens distintas. Alguns destes apontam o pequeno lobo ibérico como o ascendente do Podengo Médio e Pequeno.
Qualquer uma das variedades de Podengo trabalha em matilha e, não raras vezes, actuam em conjunto, assumindo as suas funções particulares e alcançando melhores resultados. Dado o seu tamanho, que os torna aptos à vida num apartamento, e ao elevado número de caçadores de coelhos, as variedades média e pequena tornaram-se as mais populares. Na verdade, o Podengo Pequeno é um cão de cidade há pelo menos três séculos, tendo sido representado nas pinturas dos pobres de Sevilha, da autoria de Bartolomé Esteban Murillo, pintor espanhol do século XVII.
O expansionismo português levou a que o Podengo tenha chegado aos quatro cantos do mundo, estando, muito provavelmente, na origem de outras raças entretanto desenvolvidas.