Border Collie
Ficha Técnica
História do Border Collie
O imbatível pastor raiano
Desde há muitos anos que o Border Collie é o cão pastor mais popular do Reino Unido. Apesar de não haver uma total clareza sobre os seus antepassados, existem documentos escritos que apontam para que esta raça exista desde o século XVIII, sendo o resultado do cruzamento entre diferentes cães pastor da Grã-Bretanha, cada um dos quais mais apto para trabalhar no terreno característico da sua região.
Entre estes antigos cães pastor, destaca-se os Welsh Sheepdogs, os Northern Sheepdogs, os Highland Collies e os Scotch Collies. O nome Border Collie reflecte bem a origem geográfica da raça. Se, por um lado, “Border” significa fronteira em inglês, apontando para que esta raça tenha sido desenvolvida por pastores nas regiões fronteiriças entre a Inglaterra e a Escócia, por outro lado a palavra “Collie”,... que significa “cães pastor”, e que deriva do dialecto escocês, vem reforçar a importantíssima herança escocesa da raça.
No ano de 1893, nascia no condado de Northumberland, em Inglaterra, um cão que viria a ser considerado o progenitor da raça que hoje conhecemos. Chamava-se Old Hemp e tinha, como seu dono, o muito reputado criador de cães pastor, Adam Telfer. Espantando com a forma muito especial do seu cão pastorear, que assentava em olhar fixamente para as ovelhas, por forma a conduzi-las na direcção correcta, Adam aproveitou para disseminar as suas qualidades.
Segundo rezam as crónicas, após a morte de Old Hemp, Adam Terlfer disse, com grande emoção, que o seu cão “brilhou como um meteorito no universo dos cães pastor”, acrescentando que “nunca houve uma personalidade tão marcante”. Poucas gerações depois da de Old Hemp, o seu estilo fazia já parte de quase todos os Border Collies, ficando conhecido simplesmente como Border Collie style.
Este estilo característico de pastoreio do Border Collie é particularmente conhecido pelo seu olhar hipnotizador que, sem ser (normalmente) necessário ladrar ou mordiscar, convence as ovelhas a manterem-se juntas. Tirando proveito deste estilo, os pastores britânicos desenvolveram um conjunto de códigos de comando para que os Borders executem diferentes tarefas, como as de levar o rebanho para um determinado lugar ou para o manter onde está. Estes códigos de comando são accionados através de apitos.
Interessa, ainda, referir duas hipóteses desenvolvidas por alguns estudiosos relativamente à origem do Border Collie. A primeira é a de que, para além dos cães pastor locais condutores de gado, estiveram também na origem da raça alguns tipos de spaniels. Esta hipótese é baseada, entre outras coisas, numa certa semelhança estética. A segunda hipótese, provavelmente mais arriscada mas também possível, aponta para que a raiz do Border Collie esteja nos cães pastor da região da antiga Pérsia (actual Irão), onde, desde tempos ancestrais, se desenvolvem cães de gado.
No ano de 1860, realizou-se a segunda exposição canina até então organizada em território inglês, tendo sido através desta que os cães pastor escoceses, e o próprio Border Collie, ficaram conhecidos em todo o território britânico. A monarca de então, a célebre Rainha Victória, que nutria um amor por cães por todos conhecido, ficou especialmente curiosa em conhecer o Border Collie. Foi então que, numa viagem a Aberdeenshire, na Escócia, onde a família real britânica possui a famosa residência de Balmoral Castle, a rainha conheceu o Border Collie, tendo, desde logo, se tornado numa entusiasta desta raça, o que contribuiu para o crescimento da sua popularidade.
Já em 1873, um senhor galês chamado Richard John Lloyd Price, entrou para a História por ter sido o responsável pela organização do primeiro concurso para avaliar cães pastor. Neste concurso estavam presentes 100 ovelhas selvagens vindas precisamente do País de Gales, as quais poriam à prova as habilidades dos diferentes cães de tipo pastor que iam participar. Segundo consta numa edição daquela época do Livestock Journal, os espectadores ficaram embasbacados com a agilidade e a competência dos cães Border Collie para unir e conduzir o rebanho de ovelhas selvagens, sendo que a única coisa que os respectivos donos precisaram de fazer foi assobiar e dar sinais manuais. Começava, então, a ascensão da raça até ao topo dos cães pastor.
As virtudes do Border Collie como cão pastor são admiradas em todo o mundo, mas a sua facilidade em aprender aliada à sua destreza física levaram-no também a desempenhar outras funções, tais como a de cão de guarda, por constituir um bom cão de alerta, ou a de desportista, onde se destaca nas competições de Agility.
Temperamento do Border Collie
Um génio diligente
Considerada a raça mais inteligente do mundo, com uma memória impressionante, o Border Collie tem um potencial para ser treinado inultrapassável, sendo alerta, enérgico, altamente proactivo e perspicaz, apesar de ser também independente e obstinado.
Tudo isto torna-o numa raça exigente, uma vez que tem uma enorme necessidade de participar em actividades, entre as quais aquela que é a sua primordial – pastorear. Estas características da raça fazem com que não seja a ideal para viver num apartamento.
Caso não tenha o grau de estimulação necessário, irá desenvolver comportamentos indesejados, tais como o de ladrar, de escavar, de perseguir carros ou de pastorear os membros da casa. Por isso, é imperativo que o seu dono seja bastante activo.
Esta é uma raça perfeita para viver em quintas e, por outro lado, não é... a raça mais adequada para viver no contexto de uma rotina urbana.
A aversão ao sedentarismo e a vontade de trabalhar têm levado o Border Collie a assumir diferentes funções para além da original (pastorear), funções estas que vão desde a de cão de guarda, sendo capaz de dar o alerta perante a presença de estranhos e de defender, caso seja necessário, a sua casa, até à função de cão actor, sendo um dos preferidos das indústrias cinematográficas e publicitárias.
Necessitando especialmente de ser tratado com sensibilidade, o Border Collie está constantemente atento a todos os sinais do seu dono. Afectuoso e leal, está sempre pronto a segui-lo para qualquer aventura. Se for correctamente educado, irá desenvolver uma poderosa relação com ele e com toda a sua família.
Para que não se torne inseguro e reactivo, é muito importante proporcionar-lhe, desde tenra idade, uma interacção positiva com outras pessoas (inclusivamente crianças) e cães, por forma a tornar-se num cão sociável. Se bem treinado e socializado, o Border Collie pode ser um bom cão de família. No caso específico das crianças, assim como acontece na relação que estabelecem com qualquer outro cão, é fundamental educá-las a respeitar o seu espaço e a sua integridade física.
Importa recordar que, um Border Collie sem o suficiente estímulo físico e psicológico, irá tender a pastorear as crianças e outros animais de estimação que possam existir à sua volta, adoptando um conjunto de comportamentos problemáticos, tais como mordiscar, ladrar e perseguir.
Saúde do Border Collie
Esta é uma raça genericamente saudável, contudo, como acontece com qualquer outra raça, existem alguns problemas que podem surgir. No entanto, a probabilidade destes problemas surgirem em exemplares oriundos de bons criadores é bastante baixa.
São seis os problemas de saúde que mais frequentemente podem afectar o Border Collie:
1º – O primeiro é a displasia da anca, que se caracteriza por um mau encaixe do osso do fémur na articulação da anca, causando, de forma cada vez mais significativa à medida que o tempo vai passando, dor e dificuldade de locomoção. A displasia da anca é uma patologia de cariz hereditário.
2º – O segundo problema também é de foro ortopédico e designa-se por osteocondrose dissecante. Esta é originada por um crescimento inadequado da cartilagem nas articulações, que, geralmente, ocorre nos cotovelos, podendo também ocorrer nos ombros. Esta condição causa dor e impossibilita o cão de conseguir dobrar o cotovelo, dificultando muito significativamente a sua locomoção.
3º – A epilepsia é outro problema de saúde que, por vezes, atinge alguns exemplares de Border Collie. Esta patologia neurológica pode causar convulsões leves ou graves. Felizmente, esta é uma condição que, nos nossos tempos, pode ser bem gerida ao longo da vida do cão, desde que seja acompanhado por um veterinário.
4º – Os dois próximos problemas são de foro oftalmológico. O primeiro é a Atrofia Progressiva da Retina, que se caracteriza pela deterioração gradual da retina, podendo, nos casos mais graves, levar à total perda de visão. Se o ambiente à sua volta permanecer o mesmo, muitos cães afectados por esta doença conseguem adaptar-se de forma positiva.
5º – O segundo problema de foro oftalmológico é a Anomalia do Olho do Collie (AOC). Esta anomalia, que tem um cariz hereditário, causa alterações no olho que podem levar à cegueira. Estas alterações devem-se a um desenvolvimento incompleto de uma membrana fina com muitos vasos sanguíneos chamada coroide, que é responsável pelo abastecimento da retina com nutrientes e oxigénio.
6º – O sexto e último problema são as alergias. Existem três tipos de alergias que podem afectar os cães. As alergias alimentares, que se tratam com a supressão de determinados alimentos na dieta. As alergias de contacto, causadas pelo contacto com tecidos, champós, relva, entre tantas outras coisas, devendo, por isso, ser evitado. E as alergias respiratórias, causadas por alérgenos que andam pelo ar, designadamente pelo pólen, pela poeira e pelo mofo, o que exige um controlo do ambiente onde se circula.
Interessa, ainda, referir que o Border Collie larga bastante pêlo, pelo que é importante ser frequentemente escovado para manter a sua pelagem limpa e para remover os pêlos mortos.
Aparência Física do Border Collie
- Olhos grandes e afastados
- Focinho forte, afinando ligeiramente em direcção ao nariz
- Crina bem visível
- Membros dianteiros direitos e de boa ossatura
- Cauda mantém-se baixa, mas com uma espiral ascendente na ponta
- Patas ovais, dedos arqueados e almofadas sólidas