Perdigueiro Português
Ficha Técnica
História
Uma raça tão antiga como o seu próprio país
escendente do antigo Perdigueiro Peninsular e desenvolvido durante séculos pelos caçadores lusos, a existência do Perdigueiro Português está documentada desde o século XII, precisamente o século da fundação de Portugal. Nesta época, os cães de parar, destinados essencialmente a actuar na caça às aves, eram conhecidos como Podengos de Mostra. Ainda hoje, este tipo de cães são designados em Espanha como “Perros de Muestra”. Os especiais atributos na caça à perdiz levaram a que o Perdigueiro Português fosse baptizado com este nome.
O desenvolvimento tecnológico das armas de fogo trouxe a necessidade de cães mais velozes e com um faro mais apurado, à qual o Perdigueiro Português respondia na perfeição. Durante muito tempo, especialmente no século XIV, esta raça foi criada nos canis reais e da nobreza, sendo muito utilizada na... caça de altanaria, um tipo de caça que recorre a aves de rapina.
Entretanto, as dificuldades com que a plebe se confrontava levaram-na a recorrer aos Perdigueiros para, durante a noite, caçarem nas terras dos senhores feudais e, assim, assegurarem o seu alimento. Esta situação levou a que, no século XVI, o rei D. Sebastião proibisse a posse destes cães pela plebe, penalizando aqueles que não cumprissem a lei com o exílio e com trabalhos forçados. Paradoxalmente, apesar do prestígio da raça ter sofrido um revés em Portugal, foi precisamente nesta altura que esta mais se expandiu internacionalmente, chegando ao Brasil, à América do Norte, à Índia e ao Japão, onde alguns exemplares integravam o conjunto de “bens” transportados na primeira nau ocidental que chegou ao arquipélago nipónico.
Com a chegada de muitas famílias inglesas à região do Porto, durante o século XVIII, com o intuito de se dedicarem à produção vinícola, o Perdigueiro Português ganhou fama em terras de sua majestade, desempenhando um papel importante no desenvolvimento do Pointer Inglês.
Já no século XIX, quando a caça passa de uma actividade essencialmente de subsistência para uma actividade desportiva, a classe burguesa que crescia e que se apropriava de muitas terras começou a apreciar esta actividade. Ao descobrirem as capacidades do Perdigueiro Português, os burgueses precipitaram-se na sua aquisição, incentivando cruzamentos indiscriminados com outras raças. Esta situação, aliada à chegada de raças estrangeiras a Portugal, que retiraram protagonismo às raças nacionais, colocou o Perdigueiro Português em risco de extinção. Foi então que, em 1920, um conjunto de criadores, como Eurico Basto Corrêa, dedicaram-se arduamente a salvar a raça, observando e localizando os exemplares que mantinham a pureza original, situados, em grande parte, nas zonas mais inacessíveis do norte de Portugal.
Actualmente, o Perdigueiro Português está espalhado por toda a Europa, destacando-se nas competições internacionais de caça e sendo, cada vez mais, apreciado como cão de companhia.
Temperamento
O afável caçador
Um caçador por excelência, com todas as características que isso implica, o Perdigueiro Português é famoso pelo seu olfacto apurado, instinto caçador, resistência a toda à prova e capacidade de concentração acima da média, podendo trabalhar em qualquer tipo de terreno. Mas o seu temperamento dócil, estável e tranquilo faz dele também um excelente animal de companhia, estando sempre disposto a agradar ao dono. Absorvendo facilmente o treino que lhe é dado, mostra-se muito afável para com as crianças, aceitando as suas brincadeiras.
Contudo, esta raça precisa mais do que uns simples passeios para se manter equilibrada física e psicologicamente. Talhada para caçar e percorrer longas distâncias, necessita de muito exercício físico e de se manter ocupada, caso contrário poderá torna-se ansiosa e fazer estragos em casa ou no jardim.
Saúde
O problema que mais afecta esta raça é a displasia da anca. Embora aconteça com pouca frequência, a osteopatia neurotrópica é outro problema grave que também a pode afectar.
Como caçador nato, o Perdigueiro Português necessita de fazer exercício físico diariamente, sem o qual poderá manifestar comportamentos pouco comuns para a raça.
Relativamente ao pêlo, não precisa de grandes cuidados, bastando apenas uma escovagem ocasional.
No cômputo geral, esta é uma raça saudável e que tem a vantagem de ser limpa.
Aparência Física do Perdigueiro Português
- Face côncava peculiar, parecida com a do Pointer Inglês
- Orelhas caídas, triangulares e com pontas arredondadas
- Dorso curto, largo e rectilíneo
- Peito alto e largo, com uma boa amplitude do tórax
- Dedos bem arqueados, com espaços uniformes
- Coxas musculadas, compridas e largas
Características
Curiosidades
Até aos anos oitenta do século passado, o Perdigueiro Português foi a raça nacional mais popular entre os portugueses, tendo, desde então, sido ultrapassado pelo Cão da Serra da Estrela. Muitos apontam esta mudança como consequência do crescimento da sensação de insegurança no país, que terá “beneficiado” o Serra da Estrela, dado que, ao contrário do Perdigueiro Português, constitui um excelente cão de guarda.