O que é a Leishmaniose canina? Tudo o que precisa saber sobre a doença

leishmaniose canina

A Leishmaniose Canina é uma zoonose; uma doença vetorial potencialmente mortal, causada por protozoários.

Descomplicando a Leishmaniose canina:

Zoonoses são doenças infeciosas naturalmente transmitidas entre animais, ou entre animais e seres humanos.

Doenças vetoriais são doenças cuja transmissão depende de um intermediário animal, como por exemplo: pulgas, carraças e mosquitos

Protozoários são organismos muito pequenos e muito simples, de uma só célula, que normalmente vivem em águas paradas e locais húmidos.

Então, explicando de forma simples, a Leishmaniose canina é uma doença infecciosa que pode afectar não só cães, mas também gatos e humanos. Esta doença é causada por um “bicharoco” muito pequeno chamado Leishmania Infantum que é transmitido aos animais atraves da picada de um mosquito Phlebotomo infectado.

A transmissão da Leishmaniose canina também pode acontecer através de transfusão sanguínea de um animal infectado, de cadelas infectadas para as crias, e transmissão venérea. Hoje já se questiona a possibilidade de transmissão de Leishmaniose canina por outras vias como por exemplo através de carraças, no entanto esta hipótese ainda não está comprovada.

leishmaniose

Em que países existe a Leishmaniose Canina?

A Leishmaniose existe em mais de 70 países no Mundo; é endémica na zona do Mediterrâneo (no sul da Europa), no Brasil, América do Sul e Ásia. Em Portugal Continental, são poucas as regiões onde não esteja presente, ainda assim, é predominante nas zonas de Lisboa e Setúbal, Trás-os-Montes e Alto Douro, Beira interior, Alto e Baixo Alentejo, e Algarve.

Quais são os animais com maior probabilidade de ter a Leishmaniose canina?

A idade parece ter influência no desenvolvimento da doença aguda: cães com menos de 3 anos ou mais de 8 anos de idade apresentam maior risco. Algumas raças como o Boxer, o Cocker Spaniel, o Rottweiller, e o Pastor Alemão parecem ter maior probabilidade de serem infetadas, enquanto que outras como o Podengo Ibicenco parecem ser geneticamente resistentes e raramente desenvolvem sinais. A resposta imunitária de cada cão vai determinar se a infecção será controlada ou se o cão vai desenvolver sintomas. Assim sendo, cães infectados por Leishmaniose que tenham o sistema imunitário comprometido ou tenham outras doenças simultâneas, apresentam maior probabilidade de progredir para doença clínica.

Quais os principais sintomas da Leishmaniose canina?

  • Aumento dos gânglios linfáticos
  • Perda de peso, falta de apetite e/ou vómitos e falta de energia
  • Dermatites, descamação da pele, feridas que não cicatrizam, perda de pêlo especialmente à volta dos olhos
  • Crescimento exagerado das unhas
  • Lesões no nariz, hemorragia nasal, afecções oculares (uveíte)

Quando testar para a Leishmaniose canina?

O seu veterinário irá recomendar uma pesquisa de Leismaniose para confirmar a doença se o seu cão ou gato apresentarem alguns dos sintomas mencionados anteriormente. Da mesma forma é aconselhável avaliar animais saudáveis que vivam em zonas endémicas, antes da administração da primeira dose da vacina contra a Leishmaniose, antes de viagens de ou para países endémicos, e se forem dadores de sangue ou animais reprodutores.

Diagnóstico da Leishmaniose canina:

Algumas alterações nas análises sanguíneas do seu cão como anemia, diminuição das plaquetas, alterações dos valores das proteínas (globulinas) e sinais de doença renal podem fazer soar o alarme e lançar a suspeita de Leishmaniose. No entanto, a doença deve ser confirmada em laboratório através de dois métodos: deteção de valores elevados de anticorpos anti-Leishmania, ou por detecção directa do parasita em si ou no seu DNA.

Tratamento da Leishmaniose Canina:

No caso do seu veterinário confirmar a infeção do seu cão com Leishmaniose, o tempo de ação é essencial. Quanto mais cedo chegar ao diagnóstico e iniciar o tratamento, maior é a probabilidade de sucesso. Em casos avançados da doença, especialmente quando há sinais de insuficiência renal, o prognóstico será mais reservado. O seu veterinário escolherá o protocolo mais apropriado para o seu cão, de acordo com a evolução da doença.

Como proteger o seu cão da Leishmaniose canina:

Apesar das estações do ano estarem um pouco confusas, geralmente são os meses de março a novembro que há mais mosquitos e nessa altura devemos redobrar os cuidados de proteção. Ao passear o seu cão, tente evitar “a hora do mosquito”, o “lusco-fusco” da madrugada e do entardecer. Cães que vivem no exterior devem ser ultraprotegidos.

Não existe apenas um método que garanta uma proteção a 100% e consiga evitar a infeção por Leishmania. Se me perguntarem qual o método de prevenção que deveria usar para proteger o seu cão da Leishmaniose canina, eu diria: “todos!” (ou quase todos). É essencial conciliar várias abordagens, e acima de tudo planear e prevenir antes da época dos mosquitos.

3 armas para prevenir a Leishmaniose canina:

  1. Inseticidas tópicos com ação repelente específica de mosquitos flebótomos: coleira (Scalibor, MSD Saúde Animal) ou pipetas spot-on (Advantix, Bayer ou Vectra, Ceva Saúde Animal)
  2. Vacina anual: Letifend (Laboratórios Leti) ou Canileish (Virbac, Saúde Animal)
  3. Imunomoduladores: Leishguard (Ecuphar)

2 Factos importantes sobre a prevenção da Leishmaniose canina:

Coleiras inseticidas: só as coleiras com piretroides (permetrina ou deltametrina) são eficazes contra o mosquito Phlebotomo e demoram cerca de uma semana até começarem a libertar a substância ativa. Confirme a composição quando comprar uma coleira inseticida, e coloque no seu cão pelo menos duas semanas antes de estar exposto a mosquitos, por segurança.

Vacina Leishmaniose Canina: garante proteção 28 dias após a vacina, certifique-se que o seu cão recebe a vacina atempadamente. A vacina contra a Leishmaniose não impede a infeção em si, mas diminui significativamente o desenvolvimento da doença clínica e o aparecimento de sintomas.

Leishmaniose Canina enquanto problema de saúde pública:

A Leishmaniose canina pode ser tratada, mas não tem cura. À semelhança de doenças como a Malária, podemos controlar os sintomas da Leishmaniose, no entanto o Leishmania infantum nunca é eliminado do organismo. Os cães infetados têm um papel perigoso na sua transmissão. Um mosquito alimenta-se do sangue do cão infetado, e vai picar outros animais ou pessoas, propagando ainda mais a doença. É importantíssimo aplicar sempre inseticidas repelentes de mosquitos de longa ação.

O mais importante a reter sobre Leishmaniose canina:

Seja um super-herói na prevenção da Leishmaniose!  Planear e prevenir: testar, vacinar, e aplicar repelentes de mosquitos durante a época mais perigosa, de março a novembro.

O seu cão com Leishmaniose não vai transmitir a doença diretamente, pode abraça-lo e mima-lo à vontade.

A responsabilidade dos donos de um cão infetado é sem dúvida enorme, mas nada ultrapassa a força da sua amizade entre um dono e o seu cão.